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ARTIGOS FILOSÓFICOS
ARTIGOS FILOSÓFICOS


Este espaço é destinado ao destaque de diversos temas filosóficos. A Filosofia não pode ser apenas uma disciplina dentro do grade acadêmica, nem uma mera especulação sobre tudo e uma explicação sobre o nada. A filosofia requer de quem fale sobre ela, que viva com ela, para ela e dela, senão correremos o risco de cair numa demagogia hipócrita e fútil.

 ARTIGO I<img src=

AVALIAÇÃO CRÍTICA SOBRE OS SETES SABERES
Por Paulo Dias Gomes
 

 DA RELAÇÃO ENTRE SABER E CONHECIMENTO

 Os sete saberes necessários à educação do futuro defendidos por Morim, como ele mesmo defende não têm nenhum programa educativo, portanto não poderiam ser vistos como métodos ou manual pedagógico. Partindo desta posição, coloco-me, livremente, para expor algumas críticas que me parecem necessárias para a efetivação de alegações filosóficas.

A primeira a que me proponho é que antes de estabelecer uma linha de defesa ou de ataque e que haja, prudentemente, uma análise conceitual dos termos que serão julgados.

Muito se tem confundido O Saber com Conhecimento.

Alguns dicionários são taxativos quanto aos termos, chegando mesmo, a julgá-los como sinônimos, principalmente quando usados como verbos.

No Houaiss[2] eletrônico da língua portuguesa a palavra Saber que do latim sapere, significa 'ter gosto', 'ter sabor, ter bom paladar, ter cheiro, sentir por meio do gosto, ter inteligência, ser sensato, prudente, conhecer, compreender, saber'; ver sab-; f.hist. 991 sabere, sXIII saber

Fuft define saber com ter conhecimento, ciência, informação ou notícia; ter conhecimentos técnicos e especiais relativos, ser instruído, ter meios, capacidades, conseguir, ter certeza, poder explicar, compreender, reter, indagar... (Luft, 1921: p. 589)

Se considerarmos que os dicionários fazem uso da Metalinguagem, ou seja, fazem uso de uma linguagem para dar significado a outra linguagem, isto nos levaria a uma relatividade etimológica, o que colocaria em xeque todos os conceitos e definições usados como representações simbólicas da realidade.

Morim avalia os Sete Saberes entendendo-os como Sete Conhecimentos, porém, ele mesmo alerta que o conhecimento sensorial e perceptivo estão sujeitos a erros, o que me leva a crer que o Saber não é o mesmo que Conhecimento baseado em seu sentido etimológico, uma vez que não é pelo simples fato de experimentado o sal que me tornarei conhecedor do sal ou o que seja salgado.

Não posso dizer com certeza se Morin após a introdução quis definir conhecimento, pois se o fez não ficou bem claro, tendo em vista que só apresentou uma crítica plagiada dos sofistas do Ceticismo Absoluto como Górgias (485-380 a C) e principalmente de Pirro (365-275 a.C.).que negou o conhecimento empírico devido aos erros dos sentidos e o conhecimento intelectual devido aos erros da razão

Avaliado este ceticismo, fica claro que ainda não possível chegar a um consenso dentro da epistemologia ou da teoria do conhecimento, o que vem a ser conhecimento.

 FILOSOFIA DA EDUCAÇÃO OU UMA EDUCAÇÃO PARA A FILOSOFIA?

 Ao tratar do assunto sobre o Conhecimento Pertinente, Morin, define que é aquele que que não mutila o seu objeto. (p.2)

A teoria da complexidade Moriniana é uma fusão da visão holística [3] com a dialética Hegeliana cujo teor defende que todas as coisas devem ser consideradas em função de sua interdependência pois nada está isolado no mundo, bem como em função de seu movimento, compreendido não como o simples movimento mecânico...e do próprio Estruturalismo[4], de forma que é novidade a visão de conjunto, porém vale ressaltar que para se compreender o todo se faz necessário a conhecimento das partes, e considerando que toda parte é um composto de múltiplas partes, o conhecimento tornaria-se se inviável, uma vez que tal compreensão levaria ao reducionismo, cujo método aplica-se aos objetos, fenômenos, teorias e significados complexos que podem ser sempre reduzidos, a fim de explicá-los, a suas partes constituintes mais simples, portanto o oposto da teoria da complexidade.

Ao enfatizar que É preciso ter uma visão capaz de situar o conjunto.Morin critica a visão quantitativa e defende a necessidade.da contextualização colocando como exemplo a questão econômica e os efeitos emocionais.

Não podemos negar esta interdependência e seus efeitos, a primeira globalização do período helênico trouxe consigo a alienação ideológica e psicológica, porém compreender o todo é um absurdo, uma vez que temos conhecimentos fragmentados e muitas das vezes equivocados e distorcidos pelos erros citados posteriormente com relação a realidade.

No que diz respeito A Identidade Humana como terceiro aspecto, fica evidenciado a questão de que somos microcosmos dentro do macrocosmo, um humanismo individualista , porém limitado ao universalismo.

O que questionamento que faço é se esta imanência é possível ser compreendida com a transcendência como foi proposto pela fenomenologia hurselliana. Se a complexidade humana é um valor incontestável ou se é uma abominação natural que dificulta o conhecimento do homem sobre si mesmo e o mundo.

Morin (2000) apresenta uma alternativa para estas perguntas ao propor que Somos todos filhos do cosmos, mas nos transformamos em estranhos através de nosso conhecimento e de nossa cultura. Portanto, é preciso ensinar a unidade dos três destinos, porque somos indivíduos, mas como indivíduos somos, cada um, um fragmento da sociedade e da espécie Homo sapiens, à qual pertencemos. E o importante é que somos uma parte da sociedade, uma parte da espécie, seres desenvolvidos sem os quais a sociedade não existe. A sociedade só vive com essas interações. (p.3)

Estas intersubjetividades necessárias à sobrevivência humana não representam algo novo, Antifonte ( Séc. VI a.C.) defendia que somos absolutamente iguais, bárbaros ou gregos.

Este termo igualdade é por demais complexo quando se trata em termos culturais que segundo Morin é o fator que nos diferencia, além é claro, das nossas idiossincrasias. Tudo isto nos leva a relatividade do conhecimento humano sobre si mesmo, tão abordado desde Sócrates ( Séc. VI a.C.) até as Filosofias de auto-ajuda do Pensamento Positivo (Séc. XXI d.C.) criando assim um outro abismo: Se o homem não é capaz de compreender as partes do todo seu EU, como compreenderá o Todo do Não-Eu?

Quanto ao quarto aspecto é sobre a compreensão humana, Morin defende um psicologismo utópico:

... é preciso compreender a compaixão, que significa sofrer junto. É isto que permite a verdadeira comunicação humana.

É utopia porque vivemos num mundo marcado pelo individualismo, pelo oportunismo, pelo materialismo, pela ambição mesquinha e múltipla, as pessoas não estão preocupadas em compreender ninguém, mas em serem compreendidas pelos outros.

Esta busca de auto-afirmação pode levar aos mais diversos conflitos tanto sociológicos quanto psicológicos.

O século XX marcou o surgimento de novas ciências humanas como a Sociologia[5] com raízes do Positivismo e a Psicologia[6] embrionária da Lógica Fenomenológica do Sujeito. A primeira conhecida como ciências sociais rotulava a resolução dos conflitos sociais, enquanto que a segunda, os conflitos pessoais. Pelo que sabemos, ainda não obtiveram resultados comprováveis.

Se elas baseavam-se em meros estudos especulativos não podem ser consideradas ciências, no sentido lato da palavra, pois suas experiências não apresentaram (até o momento) uma generalização para a compreensão coletiva e/ou individual.

Não acredito que A grande inimiga da compreensão é a falta de preocupação em ensiná-la. pelo fato de que não há só uma inimiga da compreensão, mas várias: Dentre elas podemos destacar os interesses subjacentes, a ignorância da questão e as dificuldades de acesso às informações.

Pode até haver preocupação em ensinar a compreender, o problema é: Quem está ensinando a compreender, aprendeu a compreender? Aprendeu a interpretar? Está ou não ensinando e interpretando de acordo com as suas idiossincrasias[7]? Será que o tradotore é um traditore,?(p.1)

Por fim sugere Morin (2000) uma introspecção: a AUTO-CRÍTICA e também a SÓCIO-CRÍTICA através da intersubjetividade.(p.4)

Ao tratar sobre A Incerteza Morin faz menção à teoria do Caos abordando alguns fatos históricos, com certa tendência ao determinismo histórico e ao ceticismo relativo admite que a incerteza é uma incitação à coragem.e que é preciso trabalhar com uma perspectiva futura, ou seja, se aprenda com os erros e que se aprenda a corrigir os erros para evitá-los futuramente.(p.4)

A teoria da incerteza formulada a pelos céticos da Grécia antiga (séc VI a. C.) na teoria da imprevisibilidade de David Hume (1711 a 1776) e no determinismo histórico de Hegel (1770 a 1831) tomou força a partir de 1927 pelo físico alemão, Werner Karl Heisenberg (1901-1976), não seria um contraponto de verdades mitológicas defendidas pelas ciências no âmbito do conhecimento humano? E se o for devemos aceitar passivamente o destino ou lutar contra eles como aconteceu com Édipo? (Sófocles 496 a 406 a.C.) Se a resposta for sim, como propõe Morin, como faremos diagnóstico e prognóstico fazendo uso de informações, uma vez que estas geram o conhecimento e os conhecimentos estão passíveis a erros já denunciados por ele mesmo?


No sexto aspecto que trata da condição planetária, Edgard Morin retorna a apologia de sua teoria da complexidade cujas bases já esgotadas pela Dialética do Materialismo Histórico[8] e pelo Existencialismo[9]

Concordo, plenamente que a Globalização criou um sistema alienatório (p.5) mas não é a quantidade excessiva de informações que gera má qualidade de conhecimentos, a nossa incapacidade de processar e organizar estes dados deve-se a carência de uma seletividade metódica, que só é possível com a atitude crítica. Outro equívoco de Morin (p.5) é ao denunciar que não se tem ensinado sobre a globalização se a mídia e até as formas de avaliação estão focadas nesta visão sistêmica. Não se trata de um reducionismo sem critérios da complexidade, porém não há como se vê o todo no ensino pela inviabilidade do crescimento e do tempo além da impossibilidade seletiva deste arsenal informativo.

A única certeza que a humanidade tem (hoje mais que nunca) é que a morte é algo iminente, não tanto por uma ameaça nuclear (como no período da Guerra Fria), mas, principalmente, pelo aumento da criminalidade, de degradação ambiental e de um surto epidêmico em grande escala o que tem levado a humanidade a um retorno ao hedonismo e à auto-afirmação, ou seja, historicamente situado, embora alienado e sujeito à morte.

O último aspecto julgado por Morin é denominado de antropo-ético pelo qual defende a relatividade ética sustentada pela cultura e natureza humana e permeada pela democracia.

Ora tal princípio vem de Protágoras (480-410 a.C.) defendia no seu Relativismo Ético que bem ou mal, útil ou danoso seria avaliado individualmente, mesmo por que O homem era a medida de todas as coisas, daquelas que são enquanto são e daquelas que não são enquanto não são. Nos dias de hoje os grandes conflitos jurídicos deve-se a tentativa de se criar leis universais, não sejam somente símbolos, mas também valores sociais irretoquivéis, e isto tem dado origem às pilhas enormes de processos acumulados nos tribunais, uma vez que todos se acham no direito de reclamar direitos e não de se admitir deveres. Isto é Democracia?

O que percebo na posição de Morin é uma Visão Utópica holística e utilitarista[10].

Holística Utópica no sentido de que ao defender a teoria da Complexidade, esquece que não há como compreender o todo sem compreender as partes

Utilitarismo Utópica, pois não é possível, embora necessário, unir todos os conhecimentos e fazê-los que sejam assimilados e avaliados da mesma forma, ou seja, qualitativamente e por tentar sintetizar o absurdo como um bem comum para todos.

 A antropo-ética tem um lado social que não tem sentido se não for na democracia, porque a democracia permite uma relação indivíduo-sociedade e nela o cidadão deve se sentir solidário e responsável. A democracia permite aos cidadãos exercerem suas responsabilidades através do voto. Somente assim é possível fazer com que o poder circule, de forma que aquele que foi uma vez controlado, terá a chance de controlar. Porque a democracia é, por princípio, um exercício de controle.

Não existe, evidentemente, democracia absoluta. Ela é sempre incompleta. Mas sabemos que vivemos em uma época de regressão democrática, pois o poder tecnológico agrava cada vez mais os problemas econômicos. Na verdade, é importante orientar e guiar essa tomada de consciência social que leva à cidadania, para que o indivíduo possa exercer sua responsabilidade.

Por outro lado, a ética do ser humano está se desenvolvendo através das associações não-governamentais, como os Médicos Sem Fronteiras, o Greenpeace, a Aliança pelo Mundo Solidário e tantas outras que trabalham acima de entidades religiosas, políticas ou de Estados nacionais, assistindo aos países ou às nações que estão sendo ameaçadas ou em graves conflitos. Devemos conscientizar a todos sobre essas causas tão importantes, pois estamos falando do destino da humanidade.

Seremos capazes de civilizar a terra e fazer com que ela se torne uma verdadeira pátria? Estes são os sete saberes necessários ao ensino. E não digo isso para modificar programas. Na minha opinião, não temos que destruir disciplinas, mas sim integrá-las, reuni-las em uma ciência como, por exemplo, as ciências da terra (a sismologia, a vulcanologia, a meteorologia), todas elas articuladas em uma concepção sistêmica da terra.

Penso que tudo deva estar integrado para permitir uma mudança de pensamento; para que se transforme a concepção fragmentada e dividida do mundo, que impede a visão total da realidade. Essa visão fragmentada faz com que os problemas permaneçam invisíveis para muitos, principalmente para muitos governantes.

E hoje que o planeta já está, ao mesmo tempo, unido e fragmentado, começa a se desenvolver uma ética do gênero humano, para que possamos superar esse estado de caos e começar, talvez, a civilizar a terra.

 CONSIDERAÇÕES FINAIS

 O que se observa na filosofia analítica e especulativa de Edgard Morin, é uma tendência peculiar de potencialização da complexidade ao processo de ensino-aprendizagem e avaliação, não que isto signifique coisas novas, pelo menos para aqueles que se julgam educadores.

Enquanto muitos ensinam e aprendem sem saber se o que aprendem ou ensinam são verdadeiros, basta-nos contentar com os infinitos buracos negros que ainda persistem. O mundo não está preocupado em compreender o homem na sua individualidade, mesmo porque isto é uma utopia devido às impossibilidades sistêmicas. Quando falamos do mundo, falamos de um sistema que funciona com as partes em busca do Todo. O que se observa no texto de Morin que muitas das suas defesas temáticas já foram condenadas em outras linhas e vice-versa. A função dão mundo escola é fazer com que os conceitos espontâneos, informais, que os estudantes adquirem na convivência social, evoluam para o nível dos conceitos científicos, sistemáticos e formais, adquiridos pelo ensino. Eis o papel mediador do docente.

Considerando que este artigo de Morin foi escrito no ano 2000, quando se havia uma perspectiva messiânica do novo milênio, muitas destas concepções, talvez já tenham sido reformulados por ele, além é claro que de as atitudes dos homens diante do avanço patrocinado pela globalização cultural da geração pós-moderna já não são as mesmas, assim com as águas do rio da filosofia heraclitiana.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

 [1] https://pt.wikipedia.org/wiki/Edgar_Morin

[2] O dicionário Houaiss foi desenvolvido por uma equipe formada por mais de 150 especialistas- lexicógrafos, redatores, etimólogos, professores, datadores, revisores. O padrão de excelência da pesquisa e o rigor na realização da obra, em todas as suas etapas, o tornaram um divisor de águas, estabelecendo um novo paradigma do saber na língua portuguesa. Por isso a revista VEJA o considerou "um dos três mais completos do mundo", Pasquale Cipro Neto, colunista da Folha de São Paulo, chama o Dicionário Houaiss de "verdadeiro monumento à língua portuguesa" e especialistas reunidos pela revista ÉPOCA consideram o Houaiss "o mais completo dicionário brasileiro".

[3]Holismo (grego holos, todo) é a idéia de que as propriedades de um sistema, quer se trate de seres humanos ou outros organismos, não podem ser explicadas apenas pela soma de seus componentes.

[4] Verbete: estruturalismo

1. Denominação dada, em geral, aos estudos lingüísticos compreendidos entre o início do séc. XX e o advento, em 1957, da gramática gerativo-transformacional. Todo estudo lingüístico baseado no pressuposto metodológico de que qualquer ciência deve optar pela observação rigorosa do maior número possível de fatos, com vista a bem fundamentar suas proposições e generalizações, viabilizando, assim, a descoberta da estrutura .

[5] 'estudo científico de fatos sociais humanos (considerados como objeto de estudo específico), dos grupos sociais como realidade distinta da soma dos indivíduos que os compõem', voc. criado, em 1830, por Auguste Comte (1798-1857) como equivalente ao seu conceito de physique sociale; a palavra e seus derivados se incorporaram a todas as línguas de cultura, ainda pelo correr do sXIX, e esse foi um dos primeiros exemplos de hibridismo que os puristas aceitaram sem restrições

 [6] psic(o)- + -logia; segundo AGC- criado por Melanchthon (1497-1560), vulgarizado no fim do sXVI por Goclenius de Marburg; cp. fr. psychologie (1588) 'ciência da aparição dos espíritos', (1690) 'parte da filosofia que trata da alma, suas faculdades e suas operações' e ing. psychology (1653) 'ciência da mente e do comportamento'; f.hist. 1836 psychologia

 [7] Disposição, temperamento ou maneira própria de cada indivíduo de ver, sentir e reagir de maneira muito pessoal à ação dos agentes externos..

[8] Doutrina fundamental do marxismo, cuja idéia central é que o mundo não pode ser considerado como um complexo de coisas acabadas, mas de processos, onde as coisas e os reflexos delas na consciência, i. e., os conceitos, estão em incessante movimento, gerado pelas mudanças qualitativas que decorrem necessariamente do aumento de complicação quantitativa.

[9] Verbete: existencialismo

1. Corrente de pensamento iniciada por Sören Kierkegaard, filósofo dinamarquês (1813-1855), na qual se distinguem Martin Heidegger [V. heideggeriano.], Karl Jaspers (1891) e Jean-Paul Sartre [V. sartriano.], e para a qual o objeto próprio da reflexão filosófica é o homem na sua existência concreta, sempre definida nos termos de uma situação determinada, mas não necessária - o "ser-em-situação", o "ser-no-mundo" -, a partir da qual o homem, condenado à liberdade, por já não ser portador de uma essência abstrata e universal, surge como o arquiteto da sua vida, o construtor do seu próprio destino, submetido embora a limitações concretas; filosofias existenciais; filosofias da existência.

[10] Teoria desenvolvida na filosofia liberal inglesa, esp. em Bentham (1748-1832) e Stuart Mill (1806-1873), que considera a boa ação ou a boa regra de conduta caracterizáveis pela utilidade e pelo prazer que podem proporcionar a um indivíduo e, em extensão, à coletividade, na suposição de uma complementaridade entre a satisfação pessoal e coletiva

Leia mais em: https://www.webartigos.com/artigos/os-setes-saberes/34114/#ixzz21NBYcLBL

 ARTIGO II

Por PAULO DIAS GOMES

1-INTRODUÇÃO

“Os vícios de outrora são os costumes de hoje.”

Sêneca

 É incontestável que o mundo tenha perdido o senso do que é certo ou errado: abortos, casamentos de pessoas do mesmo sexo, massacres, drogas, prostituição, sadomasoquismos, rituais macabros...são fenômenos sociais.

Seriam, meras consequências da uma sociedade que está evoluindo e sofrendo mudanças bruscas relacionadas com os conceitos morais?

Considera-se que Tudo é normal, ora se “NORMAL” está relacionado com seguir norma, regras e se seguir regras é deixar de agir por conta própria, então a liberdade só pertence ao anormal. Seria todo este processo sociológico, um reflexo da decadência espiritual do homem? Estaríamos voltando aos tempos de Sodoma e Gomorra? (Gn. 14:2), das orgias romanas, das lutas sangrentas nas Arenas? O que é a ética e a Moral para um mundo que chega ao final de mais um milênio? O que se entende por Valores Humanos num sistema materialista? Somos apenas máquinas de produção na bestialidade de nossas concepções evolutivas/

Estamos rindo dos que passam fome, incendiamos mendigos e indigentes nos terminais de ônibus e nas ruas, interrompemos o trânsito só para observar os destroços de um acidente, adoramos filmes de terror, grupos que veneram demônios, tatuagens de caveiras, enfim, somos “Cowboys fora da Lei.” Isto é loucura ou é a marca da evolução cultural?

Este interesse sádico dos tempos contemporâneos são os mesmos de outrora, quando éramos selvagens, bárbaros, canibais, trogloditas...O que mudou na humanidade? Quando falávamos de amor, éramos idealistas. Quando falávamos de evolução, éramos realistas. Blaise Pascal ( 1623-1662) descreve esta transição dentro de um dilema: “A razão manda em nós muito mais imperiosamente do que um senhor; é que, desobedecendo a um, é-se infeliz, desobedecendo a outro, é-se tolo.”

Nesta perspectiva não seria melhor buscar a virtude do equilíbrio aristotélico e a compensação do conhecimento dentro do enfoque sistêmico de ambas as realidades?

 2.-PRESÁGIO EPISTEMOLÓGICO

“Saiba que nos últimos dias haverá momentos difíceis”

(II Tm. 3:1)

Esta mensagem de II Timóteo 3, leva-me a questionar: Os últimos momentos serão difíceis de aceitar, entender, perdoar, ou fazer?

Para responder estes questionamentos, devemos avaliar o contexto histórico: A árvore da Ciência, do Bem e do Mal (Gen. 2:9), que permitiu ao homem um salto histórico, saindo das cavernas sujas e fedorentas para as grandes suítes de luxo, para as viagens interplanetárias, Internet, clonagem humana, porém, levou os homens a serem mesquinhos, buscarem o prazer físico, ambição e antiéticos.

Todo este processo desencadeou uma nova perspectiva sobre o futuro:

-Somos donos dos nossos destinos? Podemos alterar o futuro para o que nos convier? Ou somos vítimas de um mecanismo que perdemos o controle?

Se a educação, a mídia, a religião, a política social e econômica são aparelhos Ideológicos, e se todo projeto visa ao favorecimento de poucos tendo como consequência o desmerecimento de muitos, se a realidade tem que se manter como está para quê alguns continuem no Poder; de que forma o homem pode dizer que existe um sentimento de liberdade ativa para com seu destino? (Louis Althusser, 1918-1990)

Será que o apocalipse está acontecendo no âmbito físico ambiental, é devido a uma revolução interna que desnorteia os extremos do ser, aniquilando a sua essência e o conceito crítico da realidade? ou a fatalidade profética é inevitável, mesmo tratando-se o homem como um fator de mutabilidade? Quando se fala sobre em ESCATOLOGIA[1], ou sobre o futuro da humanidade, a primeira ideia é a narrativa profética do APOCALIPSE de São João. Na verdade, para se fazer um estudo escatológico faz-se necessária uma avaliação histórica, etimológica, simbólica, psicológica e, porque não dizer, espiritual das mensagens que tratam da revelação.

A maior dificuldade, no entanto, para se fazer uma interpretação escatológica diz respeito da interação destas avaliações sem influência pessoal ou interesses doutrinários, não foge, portanto, às mesmas dificuldades encontradas dentro do estudo hermenêutico ou da exegese.

Muitas das literaturas apocalípticas tratam de fornecer informações necessárias para trazer à tona as verdades que se julgam reveladas. Verificando o conteúdo e o estilo literário, pode-se concluir que as mensagens, antes de serem religiosas, defendem o cunho de interesse do próprio autor, ou ainda, reações psicológicas influenciadas pelo momento histórico no qual ele se encontrava inserido.

 3.ANFIBIOLOGIA[2] DA DÚVIDA

 Independente, das interpretações forjadas, das falsas ideologias apresentadas pelos estudiosos, que auto se julgam donos de uma possível Verdade, as analogias comparativas entre as previsões científicas e as profecias históricas, confirmam grande número de coincidências de acontecimentos tanto no que diz respeito àquelas preditas no passado, quanto as que narram acontecimentos futurísticos.

Se a natureza vai sofrer transformações radicais na sua estrutura, não há dúvida, se por causa do homem ou por fenômenos cósmicos, a verdade que tanto a astrologia, como a astronomia concordam neste ponto. O sistema político está sob o poder de um homem, o monopólio ideológico do mundo, aguardado por diversas religiões. A ciência, por sua vez, através da observação, da estatística de estudos e experimentos têm comprovado que muitas destas visões correspondem Com os fatos. Não fazer um simples comparação dos fatos Com as previsões ou profecias, seria simplesmente alienar-se nas tradições do mundo e fugir de uma realidade cada vez mais próxima e fatalista.

Parece-nos um absurdo acreditar que o mundo será governado por um só homem, parece-nos absurdo acreditar que aquelas narrativas fantasmagóricas do apocalipse de João, possam se cumprir algum dia no futuro distante; porém uma análise crítica dos acontecimentos atuais, mostrará, independente das interpretações, que este apocalipse já é uma realidade.

Vejamos as catástrofes mundiais, tanto naturais quanto artificiais, a ideologia do mundo moderno que caminha para a globalização religiosa, econômica e política. Praticamente, falamos a mesma língua (inglês), comercializamos uma mesma moeda (dólar), o mundo vive a ideologia do mesmo poder econômico (capitalismo), todas as religiões tem reverenciado um líder religioso (o Papa), o mundo vive o processo da informatização cultural através da INTERNET, o código em barras servirá de instrumento de controle dos padrões comerciais (A MARCA DA BESTA?), a Era de Peixes (CRISTIANISMO) está chegando ao fim, dando espaço a NEW AGE – A NOVA ERA, ou ERA DE AQUÁRIO que representa o homem dotado do poder cósmico de controlar a Vida e o Planeta, conquistando os espaços e o Império material. Se estes acontecimentos não evidenciam o cumprimentos de milhares de profecia sobre o Final dos Tempos, que tipo de argumentação poderia explicar esta coincidência histórica dos fatos na humanidade e nos Cosmos?

 4.NEGAÇÃO E AFIRMAÇÃO DO QUE NÃO SE CONHECE

“Quem toma cuidado com o que diz está protegendo a sua própria vida, mas quem fala demais destrói a si mesmo.”

(Pv. 13:3)

Pode-se negar a existência de um deus, da influência do mal nas atitudes humanas desenfreadas e explicá-las como meras consequências dos atos errôneos dos homens, mas negar que determinados acontecimentos foram previstos com, pelos menos, 80% de acertos, seria mera ignorância caótica, mesmo por que, não foram preditos por místicos utópicos ou por indivíduos cuja, capacidade normal de raciocínio deixaram a deseja, mas calculados e analisados por grandes cientistas e historiadores.

O mundo caminha para um futuro inevitável, cujas consequências, marcarão de negro as páginas da história. Para os acéticos, esta é apenas uma concepção pessimista e de mal gosto dos utópicos surrealistas; para alguns estudiosos, uma reação possível; para os religiosos, o cumprimento das profecias; para outros, sobram apenas a indiferença.

Ou ficamos na expectativa de esperar estes acontecimentos, ou lutamos para evitá-los, ou simplesmente, oremos para o Supremo Criador na esperança de que, por ocasião de tais ocorrências, possamos está longe com o Senhor Jesus no arrebatamento divino e compartilhando a felicidade do amor eterno, isto seria loucura espiritual ou um ato de desesperança na funcionalidade racional???

BIBLIOGRAFIA:

 BÍBLIA SAGRADA, Tradução da VULGATA - EDIÇÕES PAULINAS, São Paulo, 1971,27 a. Edição.

FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Dicionário Aurélio Básico da Língua Portuguesa. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1988,

Pascal, B. Pensamentos (Pensées). In: Milliet, Sérgio (trad. e org.) & Des Granges, Ch. M. (introdução e notas) Rio de Janeiro : Tecnoprint Gráfica S.A. 1966, p.1-324.

[1] Estudo sobre o final dos tempos baseado em profecias e previsões.

[2] A anfibologia (do grego amphibolia) vem a ser, na lógica e na lingüística moderna, o mesmo que ambigüidade (do latim ambiguitas, atis), isto é, a duplicidade de sentido em uma construção sintática. Um enunciado é ambíguo e, portanto, anfibológico quando permite mais de uma interpretação



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 ARTIGO III

Política da Educação  ou Educação Política?

 
 

Por: PAULO DIAS GOMES

MICHAEL W. APPLE é o professor de John Bascom do Curriculum e a instrução e a política educacional estudam na universidade de Wisconsin-Madison. Escreveu extensivamente no relacionamento entre o poder diferencial e a política e a prática educacionais. Entre seus livros recentes estão educando a maneira “direita”: Mercados, padrões, deus, e desigualdade; O estado e a política do conhecimento; e edição do 25o anniversary a 3o do Ideology e do Curriculum.

No desenvolvimento conclusivo do Capítulo 5: levando a reforma educacional a sério, foram abordados, sinteticamente, todos os pontos importantes do Livro Política cultural e Educação.Tendo como base propostas apresentadas por diversos autores sócio-construtivistas como John Dewey, R.W. Connell, Michelle Fine, Nancy Fraser, Lin da Gordon e Michael Kartz.

Michal w. Apple faz : uma avaliação analítica quanto a influência tendenciosa da Política econômica na constituição de uma ideologia capitalista no que diz respeito as abordagens pós-modernas da educação.

As tradições teóricas ou retrospectivas são manipuladoras dos reais objetivos da educação, ferindo assim a sua essência como instrumento de renovação e de perspectiva:

Tal educação, centrada em uma definição particular da “prática”, rompe a conexão entre a atividade diária e a compreensão crítica tão necessária em qualquer educação digna deste nome” (Apple, 2001)

Política Cultural e Educação, abre o espaço para discussão com o olhar atento aos problemas teóricos e políticos gerados pelas várias formas de educação pública que existem em um mundo de diferenças.

Considerando de real importância a desconstrução falsificada do real, o autor realça a visão pragmática e utilitarista ao mencionar que a realidade econômica é construída por grupos de interesses, estes acusam a escola e levam o público a ver a escola como sistema produtivo de serviços ou seja “capital humano”.(Apple, 2001, p. 177)

Nesta perspectiva, compreende que é preciso levar a sério as intuições populistas sobre o Estado burocrático, uma vez que estas, direta ou indiretamente apresentam-se com “múltiplas forças ideológicas atuando na educação e em todas as instituições.

É preciso reivindicar através de argumentos culturais, políticos e econômicos a compreensão mais complexa dos limites e possibilidades do trabalho educacional e do trabalho cultural em geral.

Há possibilidade de uma interação do corpo acadêmico, comunitário e outros grupos que não reproduzam as normas e valores da aliança conservadora para que os ideais educacionais surtam independentemente de qualquer tendência..(Apple 2001, p.178)

Acredito que a educação se faz com homens e com coragem. Não podemos deixar que fatores externos à sala de aula, interferiam na essência do Ensino que tem como proposta ser libertador. Para tanto se a Educação pretende ser libertadora é preciso, porém que ele seja capaz de romper as amarras que a mantém no cárcere do sistema dominante.

Precisamos, sim de novos paradigmas, mas é preciso saber os reais interesses, que estão camuflados, se é que eles existam, em seu corpo doutrinário.

O livro Política Cultural e Educação, foi um livro escrito pelo cunho particular baseado numa realidade , um pouco distante da nossa, porém não deixar de ser um reflexo daquela que vivemos, pois fazemos parte do Sistema Capitalista, da manipulação ideológica dos meios de comunicação, da cultura e da economia.

Precisamos de um novo grito de liberdade, precisamos compreender a real função de nosso Status como educador, independente, de forças externas, é possível mudar e precisamos mudar.

Este resenha não é conclusiva em seu teor, talvez seja a continuidade de um discurso vazio, porém apresenta em seu contexto a discussão aberta, não esgotada em si, mas capaz de abrir novas perspectivas sobre a realidade.

Levar a sério as reformas propostas da educação é fazer da teoria a Prática necessária para as transformações.

Política Cultural e Educação é resultado de uma análise criteriosa,; trata-se de uma contestação romantizada pelas experiências individuais, e é, sem dúvidas, de incomensurável importância para educadores, estudantes de licenciatura e todos aqueles que buscam informação e estímulo para melhorar a Educação no Brasil e no Mundo, livre das demagogias e da exploração dos oprimidos.

REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

APPLE, Michael W. Nota prévia e Prefácio. in: ________. Políticacultural e educação. Tradução de Maria José do Amaral Ferreira. São Paulo: Cortez, 2001. ps. 145-181

 ARTIGO IV 

UMA ABORDAGEM CRÍTICA DAS CONCEPÇÕES EDUCACIONAIS

 EM VYGOTSKY E FOUCAULT

Por Paulo Dias Gomes

 Lev Semionovitch Vygotsky Nasceu em 17 de Novembro de 1896 na cidade  Orsha – Moscou. Pensador importante, foi pioneiro na noção de que o desenvolvimento intelectual das crianças ocorre em função das interações sociais (e condições de vida). Os seus primeiros estudos foram voltados para a psicologia da arte. As suas ideias foram desenvolvidas na União Soviética  e passou a desenvolver  um trabalho dentro da psicologia com base no materialismo marxista, e construir uma teoria da educação adequada à nova realidade social emergida da revolução.

Michel Foucault  nasceu em Paris a 15 de outubro de 1926 , a sua tradição é baseada no estruturalismo e pós-estruturalismo, ocupou-se com a Epistemologia, a Estética, o Poder, a Psicologia, a História, a Sociologia, a Antropologia, o Sujeito, e com os Processos de Subjetivação, tendo influências acadêmicas de  Ferdinand de Saussure, Gaston Bachelard, Althusser, Nietzsche, Claude Lévi-Strauss desenvolveu idéias relacionadas ao Biopoder, Sociedade Disciplinar, Governamentalidade e do Cuidado de Si.

Estes autores que viveram em locais e épocas diferenciadas por diversos fatos históricos, apresentam em suas formulações doutrinárias uma preocupação com a educação no que tange ao aprendizado tem como elemento norteador a linguagem e as avaliações psicológicas do educando.

As obras de Vygotsky incluem alguns conceitos que se tornaram incontornáveis na área do desenvolvimento da aprendizagem. Um dos conceitos mais importantes é o de Zona de desenvolvimento proximal, que se relaciona com a diferença entre o que a criança consegue aprender sozinha e aquilo que consegue aprender com a ajuda de um adulto. A Zona de desenvolvimento proximal é, portanto, tudo o que a criança pode adquirir em termos intelectuais quando lhe é dado o suporte educacional devido. De certa forma  a própria educação em si é questão de vontade, ou seja de iniciativa, não é resultado de projeto único, com formulação consensual, mas se tratada de práticas que conduzem à educação e que produzem uma diversidade enorme de sujeitos sociais com os resultados sociais, não esquecendo da valorização do indivíduo com todas as suas marcadas sensibilidades, disposições e consciência sobre as questões do mundo social.

Este mesmo posicionamento é defendido por Foucault ao apresentar  a questão do pensamento como uma investigação acerca da realidade que é observada como uma atividade introspecção , ou seja de auto-crítica gnosiológica:  “O que é filosofar hoje em dia, senão o trabalho crítico do pensamento sobre o próprio pensamento?”

Considerados os dois pensamentos em harmonia conceptual, perguntamos:

 Quem é o responsável pelo aprendizado, o indivíduo enquanto forma a consciência sobre si mesmo e o mundo ou o aprendizado depende de fatores externos que possibilitam a necessidade do conhecimento necessário à sobrevivência?

Vygotsky  sugere que é importante a interação social na formação do individuo, mesmo porque este processo de sociabilidade fornecerá as bases indispensáveis para a sobrevivência e esta dependende da aprendizagem e do desenvolvimento intelectual, em outras palavras, todas as funções no desenvolvimento do ser humano aparecem primeiro no nível social (interpessoal), depois, no nível individual (intrapessoal). VYGOTSKY (1974, 1984).

Vale ressaltar que Platão (428 - 347 a.C.) já admitia que as idéias representam a única verdade e que os sentidos se constituem apenas na ocasião para despertar nas almas as lembranças adormecidas, posições defendidas, também, por Demócrito de Abdera. (460-370 a.C.)

Na teoria Platônica da Participação valoriza-se a subjetividade do saber, enquanto que na teoria da Reminiscência a importância da interação social é salutar como instrumento renovador dos valores cognitivos que se encontram em estado latente e em potência do conhecimento.

Na concepção de ambientes interativos como instrumentos de aprendizagem deve-se destacar que na natureza construtivista da aprendizagem os indivíduos são sujeitos ativos na construção dos seus próprios conhecimentos.

 A zona de desenvolvimento proximal que é definida como "a distância entre o nível de desenvolvimento real, que se costuma determinar através da solução independente de problemas, e o nível de desenvolvimento potencial, determinado através da solução de problemas sob a orientação de um adulto ou em colaboração com companheiros mais capazes"  VYGOTSKY (1984:95-97).

É fundamental o caráter da relação entre os processos em maturação e aqueles já adquiridos bem como a relação entre o que o indivíduo pode fazer independentemente e em colaboração com os outros, admitindo que ele pode adquirir mais em colaboração, com ajuda ou apoio, do que individualmente.

O ensino pode provocar o desenvolvimento exatamente através da zona de desenvolvimento potencial, pois segundo VYGOTSKY, "o ensino é útil quando vai à frente do desenvolvimento (...) e impele ou acorda uma série de funções que estão em estádio de maturação que ficam na zona de desenvolvimento potencial".

Não é preciso suprimir do sujeito a sua capacidade de adquirir conhecimentos por si mesmo, porém a necessidade da intervenção do adulto para apoiar o aluno na realização de uma tarefa complexa que ele, por si só, seria incapaz de realizar indica como o adulto implementa processos de suporte que se estabelecem através da comunicação e que funcionam como apoio neste processo de aprendizado.

Sobre esta relação Foucaut ressalta que pode haver dificuldades e os riscos envolvidos nesse propósito, bem como a necessidade de evitar esquematismos e engessamentos decorrentes dos  distanciamentos e aproximações. Defendendo este posicionamento Alfredo Veiga-Neto, em livro sobre Foucault e a educação (Belo Horizonte: Autêntica, 2003). Enfatiza que “Nos tornamos sujeitos pelos modos de investigação, pelas práticas divisórias e pelos modos de transformação que os outros aplicam e que nós aplicamos sobre nós mesmos”  (Veiga-Neto, 2003, p. 136).

Independente dos diversos graus pelo qual o conhecimento é adquirido é importante, ressaltar que a complexidade de nossas ações estão, diretamente relacionadas com a realidade a qual estamos inseridos, sejam eles pelo processo social associativo ou dissociativo, o que nos impede de agir como sujeitos livres, tendo em vista as conseqüências dos fatos sociais.

Por outro, não aconteceria nenhuma coisa nem outra sem o instrumento mais importante na comunicação ou permuta de conhecimentos se não fosse a linguagem. Instrumento, este, que é usado como na concepção e na formulação de discursos nominativos e interpretativos da realidade. Assim, estes “discursos”, segundo Foucault  "produzem sem cessar o fundamento de sua própria história", (FOUCAULT, 1994, v. 1V, p. 770.)

Em outras palavras, porém com o mesmo teor Vygotsky, defende que a linguagem fornece os conceitos formais responsáveis pela organização do real, e como mediadora ela ocupa função cognitiva quando associa o sujeito e o objeto do conhecimento e a função social quando processa a sociabilidade entre os sujeitos.

 CONSIDERAÇÕES FINAIS:

 Se não é possível, ainda estabelecer uma síntese entre Conhecimento e realidade, realidade e linguagem, entre sujeito e objeto, é possível ao menos, que a aprendizagem humana pressupõe uma intencionalidade, devido ao próprio fato da sobrevivência social, estas interações, levam ou não ao conhecimento, o que nos propõe uma valorização da subjetividade humana.

Se há mediação ou facilitadores na formação e na informação dos indivíduos enquanto sujeitos na sociedade não há dúvidas. A questão que abordamos é que se estas interações não estão vinculadas aos interesses ideológicos daqueles que se julgam detentores do Poder.  A questão ideológica deve ser submetida a um estudo de profundidade, pois é a escola exerce mais que meras funções didáticas ela esta compromissada com a formação social do indivíduo, é a educação que se apresenta como mediadora entre o indivíduo e o mundo, é nela que se compreende a realidade e como facilitadora, fornece os reais instrumentos para a re-interpretação dos fatos, mesmo porque todo sujeito é inacabado e embora historicamente situado entre  e limitado aos fatos sociais de exterioridade e coercitividade, cabe-lhe a responsabilidade consigo mesmo e com todos os cercam, eis o papel e o Status de um homem não como mero sujeito, mais como indivíduo e pessoa sujeito aos equívocos e sucessos na sua jornada de eterno aprendizado e mestre da vida.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

 FOUCAULT, Michel. As palavras e as coisas: uma arqueologia das ciências humanas. São Paulo: Martins Fontes, 1966.

 FOUCAULT, M. Dits et écrits - 1954-1988. Paris, Gallimard, 1994, v. 1V, p. 770.

  PLATÃO – A REPÚBLICA. Coimbra: Minerva, 1988

  VyGOTSKY, L. - A formação social da mente. SP, Martins Fontes, 1987.

 VEIGA-NETO,A. (org) Figuras de Foucault. Belo Horizonte: Autêntica, 2006.

 VyGOTSKY, L. - Pensamento e linguagem. SP, Martins Fontes, 1988.

 

 

 

Dr. PAULO DIAS GOMES

Licenciatura em Filosofia, Bacharelado em Teologia, graduação em Pedagogia, doutorado e Ciências da Religião e Filosofia da Religião, pós graduado em Reengenharia Educacional, especialização em Educação a Distância, psicopedagogia, livre docência em ensino superior, administração escolar, Diretor de Centro de Pesquisas e Planejamentos da Faculdade Phênix de Ciências Humanas e Sociais, titular docente da cadeira de Fenomenologia e Existencialismo, Lógica, Metafísica, História da Filosofia, Filosofia da Linguagem e da Arte

 

 






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