Descaminhos
Caminhamos sempre certos
que temos a certeza
que caminhamos
pelos caminhos certos,
porém depois de tantas caminhadas
descobrimos
que não há caminhos,
portanto,
também
não caminhamos....
Paulo Dias Gomes
Solidão
A solidão
é
um
canto
melancólico
do
Espanto
Que
Encanta
Quando
O amor
Com o
Seu
Canto
Já
Não
Encanta
Tanto...
Paulo Dias Gomes
O homem
Regressa
Puro
da
purusa
o ser que abusa
de suas qualias...
E não há nada
senão uma máxima vontade
mecânica
quântica
congestionada
De
lógica difusa
E
deôntica
Na hipóstase
de uma heurística
hipocrisia existencial
Paulo Dias Gomes
Pulcritude
Deixe o belo afogar o impugnante
Adoçar os lábios secos pela intransigência
Deixe o belo profanar a retórica
Sangrar os ideais da dor que sacramenta
Deixe a gentileza linear o adjacente
Do indecente marginal que se atormenta
Deixe o pulcro exterminar o espurco
Condensando em beleza imponderável
Antes que o passado condene o futuro
Antes que o futuro se torne um passado
Deixe as horas envolvidas no silêncio
Semear a santidade reciclável
Antes que seja tarde tomar uma atitude
Deixe o belo se aproximar do insondável
Criando em si a fantasia imensurável,
Pois o que é belo não morre sem Virtude...!!!
Paulo Dias Gomes
Entropia Moral
Se falo o que penso,
então não penso em tudo o que falo
Se não penso no que falo,
então de nada eu entendo
Se não entendo o que penso,
então eu me calo
Se me calo,
então não penso e também não sei de nada
Mas se o nada já é alguma coisa
Que penso, então entendo sobre o que penso
Se eu entendo o que penso,
então o que o impede que eu fale,
Mas se é prá falar sobre o nada
De nada vale pensar que entende
É devido à esta argumentação
Incondicionada
que prefiro minha alma calada
na entropia da moral presente...
Paulo Dias Gomes
Predicados da Acrasia
Sou um microcosmo idiográfico
Violando regras nomotéticas
E nas pseudo-veritas de minhas crenças
faço apologias
Doxológicas.
Quando me encontro sou sistemático
Quando me perco sou dialético
Não derramo lágrimas dogmáticas,
Porém sou um herói hipotético
E se é assim que desintegro
Em outras vias sou pragmático
A objetividade não está na alma,
Mas na cadeia genética
Um metade sou o que faço
E a outra um tácito verborrágico
num mundo
Peripatético!!!
Paulo Dias Gomes
Existência Assintótica
Este ser ontológico é determinista
É marcado pela hipótese ad hoc
que é dono da própria vida
Doce ilusão do descontínuo
Não se justifica o injustificável
Já que a linha e a curva são per accidens.
A linha é o destino do contratempo
E a curva é contraste da vontade
Queremos ser criadores
E não arquétipos
Queremos ser ativistas
e não sujeitos
Porém a vontade é uma curva incerta
Que se encontra paralela ao destino
Desalinhado numa forma reta
Rumo ao eterno ad absurdum do infinito...
Paulo Dias Gomes
O Tempo
O tempo não existe
Não há passado que seja o que restou do presente
Não há presente pois tudo já passou
Na há futuro, pois ainda não ocorreu.
Se o tempo nada mais é que a narrativa da transformação
Então
Todas as coisas se mantém na realidade .
numa estática existência sem identidade.
O tempo é o nexo causal entre o sujeito e a forma
O tempo é o meme, mero objeto cultural do qual somos escravos por ação voluntária.
Não há velhice que não seja degradação natural
Não é o tempo que leva, nem é o tempo que traz
Olhar para o passado é apenas olhar prá traz
No presente não percebemos que a mudança é fulgaz
Entre a ínfima Especies somos vítima do tempo que criamos e nada mais...
Paulo Dias Gomes
Heterológica
Se a vida é tudo o que temos,
então não temos nada nesta vida
Não há maior absurdo que a existência inautêntica:
Nascemos de nada,
vivemos para o nada
e morremos como nada.
Se há alguma virtude histórica,
ela não foi valorizada.
A vida é heterológica
A morte é heterológica
Não há nada nesta doutrina
Transitória capaz de quantificar a existência
Não se qualifica o que não conhece o valor
Eis o paradoxo desta realidade hierarquizada,
Transfinita em sua hermenêutica conceitual
Incomensurável por ser desconhecida...
Paulo Dias Gomes
Obversa
O que corrompe é a lágrima
que cai fria como as gotas da chuva
numa tempestade moribunda
como retrato da nostalgia.
Sem desígnio cartesiano
Sem alma ou poesia,
Porém infirmam em demasia
A instrumentalidade de um corpo ocasionalista...
Desnecessária? Talvez!!!
Mas o que é a dor senão um alarme
Que dispara quando o físico ou o metafísico
Estão fora de sintonia???
Mas o que é o amor senão uma ato corvade
De quem foge da solidão em busca de companhia...
Paulo Dias Gomes
Parole
Só falarei quando tiver algo a dizer.
Não sou melhor que o outro
e nem tão pouco quero ser
Quem fala se condena
e já cansei de sofrer.
-Já não há dor em demasia no silêncio
e no aceitar por dentro
o veneno do mero pré-dizer?
Ah! mas se a liberdade
vem do grito,
então ficarei acorrentado!!!
Pois este sistema programado
só quer corromper o que penso.
Mas se o que penso não produz,
então de nada vale o grito
e nem a liberdade da luz
Talvez não haja liberdade
neste ato passivo,
mas pelo menos sou dono
daquilo que levo comigo
e daquilo que me conduz...
Paulo Dias Gomes
Opressão
Transfigurada forma de mentalidade histórica
detém-se á janela,
mas não pode ver o sol
Nem compreende a lágrima que emana com o silêncio!!!
Não há imperativo categórico na emoção
A minha distopia é irreflexiva relação,
Não sou maior que a angústia de ser nada
E nem menor que a minha fantasia de querer ser tudo.
O que há nos céus além de estrelas, senão a eternidade que não posso vê-la?
Mas precisamos sonhar com a luz do dia,
ou pelo menos vê-la no
inalienável do momento...
Paulo Dias Gomes
PARADOXO VITAL
Quem acredita que o caminho
é apenas uma estrada
pensa que ver tudo
mas com certeza não tem nada!
Vai e volta.
Sempre é tarde para chegar
Sempre é cedo para partir,
pois o caminho é a nossa vida
nunca será um lugar.
Não quer se movimentar
também não quer ficar parado.
Se a morte é um descanso,
então prefere viver cansado.
Não suporta mais chorar,
mas não aprendeu a sorrir
Deseja o que está lá,
mas não quer sair aqui!
Paulo Dias Gomes